Salvador tem uma cultura rica: uma grande mistura que
consolidou uma identidade própria, numa mistura de ritmos e batuques. Na Bahia
originaram-se diversos estilos musicais: O axé music, que teve início na década
de 80, o arrocha, e os baianos ainda adaptaram o gênero musical que é o pagode,
advindo do Rio de Janeiro, ao próprio estilo baiano. Tudo bem, os baianos são
grandes consumidores dos estilos musicais que geraram. Mas e o circuito
alternativo? Os grandes artistas do movimento Tropicália e da bossa nova eram
baianos; E como termos reconhecimento sobre possuirmos um dos melhores cenários
do rock nacional, sendo que seremos sempre lembrados como ‘’a terra do axé’’?
Isso se dá devido ao fato de que em todo Brasil foi muito mais valorizado
a construção da MPB e aos artistas que passavam músicas de cunho crítico
político e resistência à ditadura. E até mesmo por alguma parcela da população
achar que o rock seria uma supervalorização do que vem do estrangeiro, da
hegemonia americana.
O rock em Salvador surgiu em
meados da década de 60, com Raul Seixas e sua primeira banda, Raulzito e seus
Panteras. Raul Seixas veio a se tornar o principal ícone do rock nacional na
década de 70. Camisa de Vênus com Marcelo Nova e a banda Via Sacra foram os
principais representantes do rock soteropolitano na década de 80, afirmando que
a Bahia tinha algo a mais para mostrar, não somente em Salvador, mas no país
inteiro, que o underground baiano existia, e a cena rock se consolidava. Os
valores mudaram na década seguinte, mostrando a revolta de uma geração criada durante
a ditadura militar: bandas como Inkoma, Dr.Cascadura, The Dead Billies,
Lisergia, Penélope,Stone Bull, Úteros em Fúria, entre outras, embalaram as
noitadas do cenário rock na década de 90, marcando cenas locais, como o Calypso
Rock Bar, considerado um dos últimos locais do underground baiano.
Na última década até os dias de hoje várias bandas de
rock baianas demonstram um grande potencial de mercado no Brasil inteiro, se
destacando dentro do estilo: Vivendo do Ócio ganhou grande popularidade no
país, Pitty é uma das mais famosas no cenário, Cascadura continua na ativa após
20 anos de banda, Maglore, O Cículo, Canto dos Malditos na Terra do Nunca,
Velotroz, entre muitas outras que continuam no underground. Hoje, o rock baiano passa a ser encarado não
como sinônimo de rebeldia, mas sim como uma forma de protesto, criando
oportunidades promissoras de reconhecimento no Brasil.
Bárbara Simões
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