sexta-feira, 8 de março de 2013

Bandas Covers x Autorais


Shows de bandas covers de rock em Salvador movimentam o mercado de entretenimento da cidade e estimulam a programação noturna dos bares. É assim também com as bandas autorais, mas nem sempre a receptividade do público é a mesma para os dois estilos. 

Na opinião de Alex Góes, músico e ex-proprietário da antiga Boomerangue (Rio Vermelho), essa preferência pelo cover é uma questão cultural. “O lazer em Salvador é consumir música como diversão, não como cultura”, diz. Isso está ligado ao fato de que as pessoas gostam de sair à noite e acertar na diversão escolhida, sem levar em conta o “fator surpresa” que pode estar presente no descobrimento de uma nova banda autoral.
Alex Góes | Foto: arquivo pessoal

É por isso que espaços como o Groove Bar (Barra), uma casa de shows alternativa que traz em sua grade uma variedade de bandas covers e autorais, teve que se moldar à clientela e modificar um pouco sua concepção original. “O público soteropolitano busca música ao vivo nas casas noturnas, e não uma casa estilo anos 80 com DJ, como era a proposta inicial nossa”, conta Plínio Marcus, sócio da casa. “O bar teve que se especializar e trouxe alguns artistas autorais, como João Gordo, Marcelo Nova, Wagner Moura, com a receita gerada pelas bandas covers.”, admite.  

Banda Moonwalker, cover de Michael Jackson | Foto: Groove Bar

Os músicos ouvidos nesta reportagem concordam que há lugar para todo mundo exercer seu trabalho, e o cover não prejudica o trabalho de bandas autorais. Artur Ribeiro, vocalista da banda de indie rock Theatro de Séraphin, lamenta o fechamento de algumas casas em Salvador, mas acredita que o mercado sempre vai abrir espaço para que bandas autorais, como a dele, toquem.

Para Mauro Pithon, ex-vocalista da Úteros em Fúria e atual integrante da Bestiário, o importante é tocar e difundir seu trabalho. “Na época da Úteros em Fúria a gente inventava os espaços, às vezes eram lugares pequenos, com pouca estrutura, e fazia nossas canções, inventava a festa.”, lembra.

Úteros em Fúria | Foto: divulgação
Além de ser um importante meio de movimentar a cena noturna da cidade, shows de covers sustentam bares, geram empregos para garçons, seguranças e propiciam o intercâmbio entre músicos de vários circuitos diferentes. Segundo Valdir Andrade, músico de alguns tributos como Valdir Toca Raul (Seixas), tem que haver mais espaço para autoral, e não menos espaço para o cover. 

Escrito por Érica Fernandes

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