Shows de bandas covers de rock
em Salvador movimentam o mercado de entretenimento da cidade e estimulam a programação
noturna dos bares. É assim também com as bandas autorais, mas nem sempre a
receptividade do público é a mesma para os dois estilos.
Na opinião de Alex
Góes, músico e ex-proprietário da antiga Boomerangue (Rio Vermelho), essa preferência
pelo cover é uma questão cultural. “O lazer em Salvador é consumir música como
diversão, não como cultura”, diz. Isso está ligado ao fato de que
as pessoas gostam de sair à noite e acertar na diversão escolhida, sem levar em
conta o “fator surpresa” que pode estar presente no descobrimento de uma nova
banda autoral.
Alex Góes | Foto: arquivo pessoal |
É por isso que espaços como o
Groove Bar (Barra), uma casa de shows alternativa que traz em sua grade uma variedade
de bandas covers e autorais, teve que se moldar à clientela e modificar um
pouco sua concepção original. “O público soteropolitano busca música ao vivo
nas casas noturnas, e não uma casa estilo anos 80 com DJ, como era a proposta
inicial nossa”, conta Plínio Marcus, sócio da casa. “O bar teve que se
especializar e trouxe alguns artistas autorais, como João Gordo, Marcelo Nova,
Wagner Moura, com a receita gerada pelas bandas covers.”, admite.
Banda Moonwalker, cover de Michael Jackson | Foto: Groove Bar |
Os músicos ouvidos nesta reportagem
concordam que há lugar para todo mundo exercer seu trabalho, e o cover não
prejudica o trabalho de bandas autorais. Artur Ribeiro, vocalista da banda de
indie rock Theatro de Séraphin, lamenta o fechamento de algumas casas em
Salvador, mas acredita que o mercado sempre vai abrir espaço para que bandas autorais,
como a dele, toquem.
Para Mauro Pithon, ex-vocalista da
Úteros em Fúria e atual integrante da Bestiário, o importante é tocar e
difundir seu trabalho. “Na época da Úteros em Fúria a gente inventava os espaços,
às vezes eram lugares pequenos, com pouca estrutura, e fazia nossas canções,
inventava a festa.”, lembra.
Úteros em Fúria | Foto: divulgação |
Além de ser um importante meio de
movimentar a cena noturna da cidade, shows de covers sustentam bares, geram
empregos para garçons, seguranças e propiciam o intercâmbio entre músicos de
vários circuitos diferentes. Segundo Valdir Andrade, músico de alguns tributos como
Valdir Toca Raul (Seixas), tem que haver mais espaço para autoral, e não menos
espaço para o cover.
Escrito por Érica Fernandes
Adorei!!
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